No Brasil, quase metade da população é afetada pelo bruxismo. Este transtorno psicossomático que provoca atividade repetitiva de apertar, deslizar ou ranger os dentes durante o sono, ou durante a vigília, de modo involuntário, pode causar dores de cabeça, incômodos e zumbidos no ouvido, desgaste e amolecimento dental e, em casos graves, problemas nas gengivas, nos ossos e na articulação da mandíbula (ATM). Segundo pesquisa, as mulheres são mais suscetíveis ao transtorno em relação aos homens por conta de alguns fatores, como a menstruação, menopausa, gravidez e pós-parto.
De acordo com a coordenadora do curso de Odontologia da Faculdade Anhanguera, Flávia Teixeira Vidal, essa desordem funcional também é provocada pela ansiedade, estresse, uso de alguns medicamentos ou por fatores genéticos. “O bruxismo, caracterizado pelo ranger e apertar involuntário dos dentes, não surge do nada. Sua origem reside em uma complexa constelação de fatores, abrangendo desde aspectos físicos e psicológicos até o ambiente em que vivemos”, analisa.
Segundo a dentista, muitas pessoas convivem com o transtorno sem ter ciência do problema, uma vez que a compressão exagerada dos dentes acontece enquanto dormem. Esta disfunção pode levar à necrose dos vasos sanguíneos no ápice da raiz dentária e, consequentemente, afetar os nervos e a polpa do dente. Outra consequência do apertamento dental é o desgaste provocado no esmalte dentário, que pode evoluir para sensibilidade dentária.
A análise clínica e exames como a polissonografia são capazes de avaliar o grau do distúrbio. Alguns hábitos de vida podem diminuir ou aumentar o risco de crises de bruxismo e a especialista destaca cinco recomendações que podem ser aplicadas no dia a dia:
Alimentação. O consumo exagerado de frutas cítricas, cafeína e refrigerantes pode gerar o acúmulo de resíduos ácidos na boca, o que irá provocar biocorrosão dentária e agravar a condição bucal do portador de bruxismo. Incluir vegetais frescos na dieta auxilia no equilíbrio da saúde bucal.
Mastigação. Mascar chicletes, mordiscar constantemente objetos duros, como a ponta de lápis e canetas ou até mesmo roer unhas pode gerar um padrão compulsivo no indivíduo, agravando o desgaste do esmalte dentário.
Qualidade do sono. Não é recomendado dormir com luzes acesas ou com a televisão ligada. Para um repouso profundo, é indicado não interagir com telas (celulares e tablets), pelo menos, por uma hora antes de adormecer.
Autocuidado. Exercícios físicos e terapias psicológicas auxiliam a diminuir a tensão e estresse do dia a dia, que pode provocar o bruxismo. Incluir atividades prazerosas na rotina irá diminuir a probabilidade de crises.
Consulta com dentista. Visitas periódicas ao dentista são importantes para a saúde bucal; um profissional qualificado poderá avaliar tratamentos para controlar o problema, além de indicar ou não o uso da placa interoclusal para proteger os dentes.
Vale lembrar que vários fatores desfavoráveis à saúde da boca podem estar acontecendo simultaneamente e uma visita ao dentista pode auxiliar a identificar quais os fatores que estão levando ao bruxismo e quais as medidas que deverão ser tomadas para amenizar os seus efeitos, uma vez que nem sempre é possível eliminar este transtorno.
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