O início do conflito
No dia 6 de agosto a seleção brasileira colidiu com o maior desafio possível no mundo do basquete, isto é, enfrentar a seleção americana composta pelos melhores jogadores da maior liga do mundo. Como já é comum na era das redes sociais, as pessoas começaram a manifestar suas opiniões muito antes da partida de fato ser iniciada. Como toda e qualquer discussão em nosso querido país, essa foi mais um foco de incêndio, dividindo as opiniões do público que logo começou a se atacar.
De um lado, os otimistas alegando que deveríamos ter fé, que nossa seleção se esforçaria como nunca, que transbordando de alegria e portando um senso de companheirismo ímpar, o Brasil poderia sair vencedor da partida e seguir na disputa pelo ouro. Por outro lado, aqueles completamente céticos quanto a possibilidade de um momento de superação histórica. Precisamos ser honestos, a parcela de expectadores engajados em basquete não se mostra tão significativa em nosso país, o completo oposto do que acontece com o futebol, mas isso não é segredo para ninguém. Evidentemente os fãs devotos da NBA estavam todos ligados no confronto que se desenrolava, e o grupo em questão se mostrou completamente incrédulo sobre o triunfo brasileiro.
Fatores culturais e econômicos
Como já analisei em uma coluna anterior, é fato que as maiores potências econômicas sempre se destacam nos esportes, o que por sua vez pode ser comprovado com o resultado do quadro de medalhas, o que consagrou os Estados Unidos como primeiro colocado, seguido de perto pelo dragão vermelho.
Sabendo disso, pensemos um pouco mais friamente sobre todo o contexto que abrange a partida. Falando brevemente sobre futebol, por aqui é muito comum que os pais presenteiem seus filhos com bolas de futebol e camisas de seus times do coração antes mesmo que os pequeninos desenvolvam a fala. Nos anos seguintes será bem possível que as crianças tornem a pedir bolas de futebol como presente de natal ou de aniversário. Tão logo se tornem meninos e meninas crescidos, vão aprender a amar o time do coração dos pais na maioria das vezes. Fato é que o esporte está impregnado no DNA de nosso povo, e por conta disso somos o país do futebol, dos dribles desconcertantes, a fábrica de estrelas que jogam de forma mágica.
Por conta do fator cultura nos tornamos o país com mais títulos do maior evento do futebol mundial, que como também já expliquei em coluna anterior, causava medo nas seleções de nações ao longo de todo o mundo. Já nas terras americanas a mesmíssima coisa se faz valer, substituindo apenas o esporte destaque, no caso deles, o basquete. Por lá você não precisa caminhar muito para encontrar uma quadra pelas ruas. Achará até mesmo casas com tabelas nos fundos do quintal onde pais e filhos se desafiam em batalhas de vida ou morte, e eles sentem muito orgulho disso. Se em filmes brasileiros podemos ver favelas, praias, carnaval e futebol, em filmes americanos é muito comum nos depararmos com partidas de basquete mesmo entre figurantes.
Explicado o fator cultural, quero agora retornar para o fator econômico. De um lado, os Estados Unidos, a maior potência mundial, que dotado de um PIB exorbitante (de mais de dez vezes o PIB do adversário), mostra a que veio no que tange investimentos em esportes. Com isso não quero menosprezar minha amada pátria, mas preciso salientar que por aqui não é comum ver que escolas e universidades insistam de forma tão pujante nos jovens desde a mais tenra idade. Bolsa de estudos por se destacar no esporte? Esqueça. Por aqui imperam as provas embebidas em ideologia que colocam nas universidades públicas a parcela mais rica da população.
O destino dos atletas dos dos países
Além disso, tratamos aqui de um país com a moeda que serve de lastro para a economia mundial, o que faz com que os atletas do basquete americano permaneçam em seu país natal. Por lá eles ganharão altíssimos valores em uma moeda poderosa e jogarão numa liga com alta rotatividade de jogadores, imersos na cultura do basquete americano, e de tal forma, uma vez que são convocados pela seleção do país, já estão extremamente entrosados e jogando num nível estrondoso.
Já no caso do Brasil, ainda somos o país com as maiores estrelas em potencial em termos do nosso esporte mais apreciado, o problema é que essa luz atrai os olhos dos europeus bem cedo, fazendo com que nossas melhores armas sumam daqui bem rápido. Inglaterra, França, Itália, Alemanha, cada um jogando de um jeito, aplicando técnicas inovadoras, tendo acesso ao pináculo da tecnologia de preparação física, nossos atletas estão agora tendo acesso ao primeiro mundo. Mas infelizmente por alguma razão, nossa seleção não consegue fazer com que eles se entrosem e atinjam o topo do mundo.
Propositalmente, comparei acima o basquete americano com o futebol brasileiro, isto é, os dois esportes mais fortes nos países que se enfrentariam, e com isso trago meu questionamento final para refletirem e chegarem às próprias conclusões. Poderia a maior potência do mundo ser derrotada em seu esporte mais tradicional onde são injetadas quantias astronômicas de dólares ser derrotada pela seleção de um país de terceiro mundo (e aqui não quero ofender, mas sim expressar a mais crua realidade) onde o basquete não faz parte de sua cultura e não é nem mesmo secundário?
A visão da torcida
Afirmo categoricamente que torci para o Brasil, mas no mundo do esporte os números não mentem, quem dirá a discrepância de técnica. Hoje em dia nos indignamos com a falta de relevância da seleção brasileira de futebol, não se destacando nem mesmo entre os países da América do Sul, que outrora dominávamos com facilidade. Somos o país do futebol arte, e ainda assim estamos a um abismo de distância das grandes potências europeias, o que faz com que muitos brasileiros abandonem a seleção, como evidenciou o próprio Ronaldinho Gaúcho em entrevista.
Sabendo disto, desejamos que nossa equipe volte a figurar no topo, e muitos enxergam isso como obrigação. Analisando friamente, a população americana espera o mesmo de seus atletas em seu esporte mais popular, e eles atendem com glória às expectativas do povo.
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Fato é que os Estados Unidos são a maior potência do mundo em termos de basquete e provaram muito bem porque são detentores de tal título. Poderia o Brasil um dia enxergar o esporte da forma, injetar investimentos de tamanho calibre e se destacar nos mais variados esportes? Se não aceitamos que nossa seleção seja derrotada em nosso esporte destaque, nada mais justo que uma justa derrota para os maiores, mas sem jamais abaixar a cabeça e absorvendo o melhor da histórica experiência.
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MATHEUS VARGAS MARQUES
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