Com a chegada do final do ano, inicia-se a aguardada temporada de compras, em que milhões de brasileiros vão em busca de presentes, roupas e produtos para as celebrações. Os shoppings, que se tornam ainda mais movimentados durante essas datas comemorativas, são locais de lazer, compras e entretenimento. No entanto, para pessoas surdas, essas atividades frequentemente vêm acompanhadas de barreiras de comunicação, que dificultam ou até mesmo impedem a interação com vendedores, a compreensão de promoções e o acesso a informações básicas sobre produtos e serviços.
Para pessoas surdas, pedir um lanche nos shoppings, por exemplo, pode ser um desafio desgastante, devido à falta de menus acessíveis em Libras. Nos cinemas, a falta de sessões adaptadas impede que pessoas surdas aproveitem plenamente dos filmes. Em situações de emergência, a falta de avisos visuais coloca essas pessoas em risco, destacando a necessidade de sistemas de alerta acessíveis. Quando precisam tirar dúvidas sobre produtos, a escassez de atendentes treinados em Libras ou de sistemas informativos visuais limita sua autonomia e compreensão, tornando o processo de compra difícil e, às vezes, inviável.
Embora tenham ocorrido avanços na inclusão, a maioria dos shoppings ainda falha em oferecer recursos essenciais para pessoas surdas. Seja por falta de atendentes capacitados em Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou pela ausência de totens e tecnologias de assistência, a experiência de compra de pessoas surdas continua sendo marcada por dificuldades que podem e devem ser evitadas.
“Ao deixar de oferecer essas opções, os shoppings excluem uma parcela significativa da população, que merece e tem o direito de viver uma experiência de consumo de maneira digna e respeitosa. Os administradores das empresas precisam entender que oferecer acessibilidade não é um favor, mas sim uma obrigação. E mais, ter a chance de mostrar que são locais acolhedores para todos os públicos e que respeitam a Lei de Acessibilidade 10.436”, comenta Cleber Santos, CEO do Helpvox Connect, empresa brasileira que desenvolve produtos com alta tecnologia voltados à inclusão.
As soluções para a falta de acessibilidade existem e, dentre elas, vale destacar a presença de totens informativos com tradução automática em Libras, a criação de uma sinalização clara e inclusiva, além do treinamento de funcionários para atender pessoas surdas. Esse são apenas alguns passos que os shoppings podem implementa para respeitar um direito previsto pela legislação brasileira de acessibilidade.
Nos últimos anos, alguns shoppings em São Paulo engajaram-se em iniciativas para tornar a experiência de compra mais inclusiva e acessível para a Comunidade Surda. Em setembro deste ano, o Raposo Shopping, na zona oeste de São Paulo, realizou em parceria com a Helpvox Connect uma oficina de Libras destinada a funcionários do empreendimento e clientes interessados em aprender a língua. Outro exemplo de ação inclusiva ocorreu no Shopping Center Norte, na zona norte de São Paulo, que em 2020 ofereceu aos clientes uma Central de Atendimento em Libras, instalada estrategicamente para atender as necessidades das pessoas surdas. A mesma atividade inclusiva foi uma aposta do Shopping Center Vale, em São José dos Campos (SP), durante a Surdolimpíadas, promovida em 2021.
“Essas ações mostram que o investimento em acessibilidade beneficia tanto a comunidade surda quanto os próprios estabelecimentos, que ampliam sua base de clientes e reforçam sua imagem como espaços acolhedores e inclusivos”, diz Santos.
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KEYLA RAMOS ASSUNCAO
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