O mundo do trabalho hoje está diante de uma nova lógica. Se antes o aspecto financeiro era o principal fator de decisão, hoje cresce o peso do chamado salário emocional – que envolve qualidade de vida, relações saudáveis e propósito no que se faz.
Essa transformação ficou evidente em um estudo recente, que ouviu mais de 1.100 profissionais de diferentes perfis em todo o Brasil. A pesquisa revelou que, embora a segurança financeira ainda seja um critério relevante para atração de talentos, o que mais impacta na decisão de permanência ou saída da empresa é o ambiente de trabalho e a qualidade das relações.
Colaboradores buscam ambientes respeitosos, com lideranças empáticas, nos quais possam se sentir à vontade para crescer, se expressar e manter sua saúde emocional em equilíbrio. Outro achado importante foi o entendimento do que gera satisfação e impulsiona o engajamento. Para a maioria dos entrevistados, estar satisfeito no trabalho significa fazer o que gosta, perceber sentido no que executa e receber reconhecimento por isso. Já o engajamento vem do sentimento de propósito, de saber que seu esforço contribui para algo maior e é valorizado por colegas e líderes.
Bem-estar no trabalho é muito mais do que a ausência de estresse. Ele está fortemente associado a relações saudáveis, respeito mútuo, autonomia, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e a sensação de estar em um ambiente tranquilo e acolhedor. Não à toa, colaboradores de empresas pequenas e médias, com relações mais próximas, se disseram mais satisfeitos. Esses dados ganham ainda mais relevância à luz da Lei nº 14.831/2024, que instituiu a Política Nacional de Promoção da Saúde Mental. A nova legislação exige que empresas implementem iniciativas efetivas de cuidado com a saúde emocional, promovendo ambientes mais seguros e inclusivos. Ou seja: o cuidado com o bem-estar deixou de ser apenas um diferencial — é agora uma obrigação legal e estratégica.
O estudo mencionado também classificou os benefícios emocionais como os que mais contribuem para satisfação e retenção. São exemplos: apoio psicológico, reconhecimento frequente, liberdade de expressão, clareza de papéis e práticas que reduzam a sobrecarga de trabalho. Benefícios tradicionais como plano de saúde e vale-refeição continuam sendo importantes, mas já não são suficientes para garantir o vínculo. A percepção dos profissionais é clara: remuneração justa é só o começo. É preciso se sentir parte de algo, ser ouvido, ter espaço para evoluir e, acima de tudo, trabalhar em um ambiente saudável. O “ficar” e o “vestir a camisa” vêm de uma experiência emocional positiva no dia a dia. Com esses dados, fica evidente que as empresas precisam equilibrar variáveis tangíveis e intangíveis na gestão de pessoas.
O futuro do trabalho está em reconhecer que por trás de um colaborador, existe um indivíduo guiados pelas dimensões racional e emoção. O emocional importa nas relações de trabalho e cuidar dele é cuidar da força, da criatividade e da sustentabilidade de qualquer organização.
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Clezia Martins Gomes
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