A comunidade italiana em São Paulo se mobilizará neste sábado, 3 de maio, para protestar contra o decreto-lei aprovado pelo Conselho de Ministros da Itália que restringe o direito à cidadania por descendência. A manifestação ocorrerá na Praça Cidade de Milão, ao lado do Parque Ibirapuera, e fará parte de uma série de atos coordenados em várias cidades do mundo, com o lema “Não seremos estrangeiros na terra de nossos antepassados”.
O novo texto limita a concessão da cidadania italiana apenas a filhos e netos de italianos nascidos na Itália, excluindo bisnetos e as gerações seguintes — uma mudança que afetará diretamente milhares de descendentes no Brasil, país com uma das maiores comunidades ítalo-descendentes do mundo.
A medida tem gerado forte indignação entre os ítalo-brasileiros, que enxergam o decreto como uma ruptura com os laços históricos, culturais e afetivos entre os dois países. Para os organizadores do protesto, a proposta representa um retrocesso e ameaça a continuidade da identidade italiana nas novas gerações.
Luciana Laspro, representante do MAIE (Movimento Associativo Italiani all’Estero) no Brasil, afirma que a manifestação será uma resposta contundente à decisão do governo de Giorgia Meloni. “Estamos prestes a viver um momento de profunda mobilização. Essa medida fere nossa história, ignora o papel da diáspora italiana e desconsidera o vínculo mantido com nossas origens”, declarou.
Segundo ela, a limitação de gerações representa uma negação simbólica da italianidade vivida fora da Itália. “Somos milhões de pessoas que mantêm viva a língua, a cultura, as tradições e os valores herdados. Muitos fazem parte da terceira geração, com histórias ainda muito próximas de seus avós e bisavós que vieram da Itália. Não podemos aceitar um decreto que nos transforma em estrangeiros diante da nossa própria história”, completou.
Em São Paulo, cerca de 200 pessoas já haviam se reunido no último dia 27 para protestar contra a proposta. Agora, os organizadores esperam uma adesão ainda maior. A comunidade ítalo-brasileira, composta por mais de 30 milhões de descendentes, promete manter a mobilização ativa até que o decreto seja revogado ou reavaliado de forma democrática e participativa. Para muitos, a luta vai além de um passaporte: é pela preservação da memória, da identidade e da dignidade de ser italiano, ainda que fora da Itália.
O protesto do dia 3 de maio promete reunir centenas de pessoas e contará com falas de representantes da comunidade, exibição de faixas e bandeiras da Itália, além de momentos simbólicos de resistência e união.
A expressão “Decreto da Vergonha” deve ser novamente o grito de ordem entre os manifestantes, como já foi registrado em protestos anteriores realizados em São Paulo e em outras cidades. A mobilização busca pressionar o governo italiano a revogar ou revisar o texto antes de sua consolidação na legislação.
A manifestação reforçará o apelo da comunidade ítalo-brasileira por justiça, respeito à memória dos imigrantes e preservação do direito legítimo à cidadania — um direito que, para muitos, é também uma afirmação de pertencimento e dignidade.
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EDUARDO GIOELI MICHELETTO JOEL
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