A Organização Mundial de Meteorologia aponta que o impacto negativo das mudanças climáticas tem causado emergências de saúde em todo mundo. Além dos extremos climáticos, a poluição do ar pode aumentar a concentração de poluentes como dióxido de carbono, óxido de nitrogênio e carbono negro, provocando reações alérgicas e proporcionando efeitos adversos na saúde respiratória. Os estudos apontam que idosos, grávidas, adolescentes, crianças e bebês recém-nascidos são o grupo mais propenso a complicações de saúde devido às mudanças climáticas e, portanto, são os mais vulneráveis.
Um recente estudo publicado pela Fiocruz destacou a relação entre problemas respiratórios em bebês e as mudanças climáticas. A pesquisa aponta que no Brasil, os extremos climáticos, como ondas de calor, ondas de frio, chuvas e secas, interferem na saúde respiratória dos bebês por causa da fragilidade dos tecidos das vias aéreas respiratórias. Os dados demonstraram um aumento significativo do número de internações de bebês no ano de 2023 (ano mais quente já registrado em mais de 170 anos) devido a complicações respiratórias, como asma, bronquite, pneumonia e infecções. Ainda, a pesquisa revela que os desastres causados por extremos climáticos também aumentam a vulnerabilidade da população de bebês, uma vez que os pais têm dificuldade em proteger os bebês das intempéries e oferecer abrigo adequado.
De acordo com a Agência de Proteção ao Meio Ambiente dos Estados Unidos (EPA), crianças e adolescentes (de 0 a 18 anos) são mais vulneráveis à poluição e aos impactos das alterações climáticas, pois seus corpos estão em desenvolvimento e eles respiram mais rapidamente, o que aumenta a exposição a poluentes atmosféricos e alérgenos. Além disso, as crianças tendem a passar mais tempo ao ar livre do que os adultos, aumentando a exposição ao frio, calor, chuva, poluentes, alérgenos e às picadas de insetos.
A Organização Mundial da Saúde relata uma série de complicações de saúde provocadas por extremos climáticos nos grupos mais vulneráveis. Por exemplo, altas temperaturas estão associadas aos partos prematuros e natimortos, à hipertensão e diabetes gestacional na gravidez. As ondas de calor também podem causar efeitos nas funções cognitivas e afetar o aprendizado de crianças e adolescentes, enquanto, em idosos, aumentam os riscos de ataques cardíacos e complicações respiratórias. A poluição do ar eleva o risco de hipertensão durante a gravidez, parto prematuro e impactos negativos no desenvolvimento cerebral e pulmonar do feto. Ainda, aumenta o risco de doenças respiratórias em crianças e idosos, os quais possuem maior risco de pneumonia, doenças cardiovasculares e câncer.
Em decorrência das mudanças globais do clima e do aumento dos extremos climáticos, será necessário ampliar os sistemas de atendimento de saúde voltados para bebês, crianças, grávidas e idosos, como forma de adaptação. Atualmente, poucas ações têm sido tomadas para remediar os efeitos das mudanças climáticas nas populações vulneráveis. Entre as medidas necessárias incluem-se campanhas de conscientização, preparação das creches, sistemas educacionais, assistência social e formação de profissionais de saúde especializados nesse tipo de atendimento.
(*) Larissa Warnavin é geógrafa, mestre e doutora em Geografia. Docente da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter.
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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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