O Observatório de Oncologia, uma iniciativa do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer, analisou dados abertos do Ministério da Saúde sobre o atendimento aos pacientes com câncer de pulmão no Sistema Único de Saúde, entre 2019 e 2023. Os números revelam o diagnóstico tardio na grande maioria dos casos e o impacto do tabagismo no desenvolvimento da doença.
O recorte avaliou os casos de tumores pulmonares não pequenas células, que são os mais incidentes no país. Foram analisados dados de 83 mil pacientes que fizeram tratamento com quimioterapia e radioterapia no SUS. Destes, a maioria é composta por homens, brancos, na faixa etária entre 60 e 69 anos.
Incidência, fatores de risco e problemas no diagnóstico
O câncer de pulmão, segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA), é o terceiro mais comum em homens e o quarto em mulheres no Brasil, sem contar o câncer de pele não melanoma. Cerca de 32 mil novos casos da doença devem ser registrados no país, em 2024.
De acordo com o INCA, “em cerca de 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco”. Essa informação é comprovada pela análise dos dados de atendimento aos pacientes com tumores pulmonares no SUS. O levantamento do Observatório de Oncologia aponta que 86% destes pacientes eram tabagistas ou ex-tabagistas, comprovando os riscos do consumo dos derivados do tabaco.
Por isso, as ações de conscientização no Dia Nacional de Combate ao Fumo, em 29 de agosto, são fundamentais para estimular a cessação do tabagismo, como forma de evitar o desenvolvimento de diversas doenças graves, como o tumor de pulmão.
A pesquisa traz, ainda, outro dado alarmante: mais de 91 % dos diagnósticos foram feitos em estadiamentos avançados (II e IV), o que leva a tratamentos mais complexos e piores prognósticos. Cerca de 18 % das internações para o tratamento do câncer de pulmão utilizaram as Unidades de Terapia Intensiva e 26 % destas internações terminaram em óbito, um índice bastante elevado.
“Os dados mostram que o diagnóstico tardio impacta no prognóstico, leva a um número maior de internações para os pacientes com câncer de pulmão atendidos pelo SUS, um cenário que limita o sucesso do tratamento e onera ainda mais o sistema de saúde”, avalia a médica sanitarista Catherine Moura, líder do Movimento Todos Juntos Contra o Câncer.
O câncer de pulmão é uma doença que, muitas vezes, não apresenta sintomas em seus estágios iniciais, fator que dificulta o diagnóstico precoce.
Não há recomendação de rastreamento para a população geral, mas protocolos recentes indicam a realização de uma tomografia de baixa dose de radiação em grandes fumantes (um maço por dia por 20 anos), com mais de 50 anos de idade.
Segundo os dados coletados pelo Observatório de Oncologia, os pacientes com câncer de pulmão demoram 29 dias para terem a confirmação do diagnóstico e 53 dias até o início do tratamento, na média nacional respeitando os prazos previsto em lei. O Estado de São Paulo agrega mais de 22% dos pacientes e o Rio Grande do Sul, cerca de 13%, mostrando, também, uma incidência maior da doença no Sul e Sudeste do país.
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LEANDRO ANTONIO FERRARI ANDRADE
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