O uso de telas por crianças tem sido amplamente debatido nos últimos anos, especialmente no campo da educação. A cada dia, mais cedo, os pequenos têm acesso a celulares e outros dispositivos eletrônicos, o que traz dúvidas e preocupações para pais ou responsáveis e educadores. Até que ponto o uso dessas tecnologias é saudável? Qual o limite entre o necessário e o excessivo?
A verdade é que não há respostas simples. Estudos apontam que o uso prolongado e sem supervisão de telas pode trazer prejuízos significativos ao desenvolvimento infantil, afetando habilidades cognitivas, sociais e emocionais. A Academia Americana de Pediatria, por exemplo, alerta que crianças expostas a mais de duas horas diárias de telas apresentam maiores dificuldades de atenção e aprendizado. No Brasil, a Sociedade Brasileira de Pediatria lançou o manual #MenosTelas #MaisSaúde para orientar famílias sobre os impactos do uso excessivo de tecnologias.
Tais informações justificam a decisão de diversas escolas e instâncias públicas de restringir o acesso ao celular nas salas de aula. Apesar de compreensível, essa medida não elimina a necessidade de uma discussão mais profunda. Afinal, o problema está no uso de tecnologia no ambiente escolar para fins pedagógicos ou no consumo desenfreado fora dele? Além disso, proibir celulares na escola significa abrir mão da tecnologia como ferramenta pedagógica?
O ambiente escolar é, por definição, um espaço de experimentação e aprendizado. É onde os estudantes têm a oportunidade de explorar o mundo, desenvolver habilidades críticas e empreendedoras, e formar sua percepção de sociedade. Nesse contexto, a tecnologia, se usada com propósito e orientação, pode ser uma aliada valiosa. Ela permite ampliar o repertório cultural, engajar os alunos e desenvolver competências essenciais para o século XXI, como pensamento crítico, resolução de problemas e colaboração.
Portanto, o desafio não é eliminar as telas, mas integrá-las de forma intencional e educativa. Para isso, é essencial estabelecer limites claros e planejar o uso da tecnologia com objetivos pedagógicos bem definidos. A inteligência artificial (IA) é um exemplo do que está chegando cada vez mais em salas de aula para contribuir com os alunos nas atividades, além de auxiliar na inclusão de estudante com deficiência ou necessidades educacionais específicas. Celulares e outras novas tecnologias podem, sim, ser usados em sala de aula, desde que com supervisão e direcionamento, contribuindo para uma aprendizagem mais interativa e significativa.
Nesse sentido, é importante que famílias e educadores atuem juntos para regular o uso de dispositivos eletrônicos fora da escola. É nesse ambiente, algumas vezes sem supervisão e controle, que o excesso de tecnologia se torna mais prejudicial. Reduzir esse impacto exige diálogo, conscientização e a criação de rotinas que promovam o equilíbrio entre atividades digitais e experiências fora das telas.
A tecnologia é uma ferramenta poderosa, mas precisa ser usada com cautela. Com equilíbrio e planejamento, é possível preparar nossas crianças para os desafios tecnológicos contemporâneos, preservando sua saúde e bem-estar. É hora de transformar a tecnologia em uma aliada do aprendizado e do desenvolvimento integral das próximas gerações.
*Luciana Teixeira é diretora de Conteúdo Pedagógico do COC, uma plataforma de educação que impulsiona o ensino contemporâneo e inovador há mais de 60 anos.
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JULIANA ANTONUCCI CORREA
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