Jorge Calazans* e Antonio Lopes Garcia**
Recente pesquisa conduzida pelo Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo e Relações de Consumo (IPGE) revelou dados preocupantes sobre as vítimas de pirâmides financeiras no Brasil. O estudo, que entrevistou 3.443 pessoas, mostrou que 66,2% das vítimas são homens, enquanto as mulheres representam 33,8%. Esses números sugerem uma correlação direta com o comportamento observado no mercado de renda variável, conforme análise da B3.
Nos últimos anos, o número de mulheres investidoras em renda variável cresceu significativamente, com um aumento de 658% entre 2018 e 2023. No entanto, apesar desse crescimento expressivo, a participação feminina nesse mercado se mantém estagnada em 25%. Esse dado, embora positivo, indica que as mulheres ainda são minoria no ambiente de investimentos de maior risco, como a renda variável.
Por outro lado, o estudo da IPGE revela que os homens, que dominam o mercado de renda variável em números absolutos, também são mais suscetíveis a cair em esquemas fraudulentos, como pirâmides financeiras. Esse fato pode ser explicado por uma maior exposição dos homens ao risco e, possivelmente, por uma abordagem menos cautelosa ao investir.
As mulheres, que têm demonstrado uma entrada mais cautelosa e informada no mercado financeiro, acabam se expondo menos a esses tipos de fraudes. A pesquisa da B3 reforça que as mulheres tendem a investir mais tempo e recursos em educação financeira antes de realizar seus primeiros investimentos, o que pode ser um fator de proteção contra esquemas fraudulentos.
Em contraste, a pesquisa do IPGE evidencia a necessidade urgente de reforçar a educação financeira, especialmente entre os homens, que são as principais vítimas desses esquemas.
A maior conscientização sobre os riscos e armadilhas do mercado financeiro poderia reduzir significativamente o número de vítimas de pirâmides financeiras.
O paralelo entre as duas pesquisas destaca a importância da educação financeira e da conscientização dos riscos no mercado de investimentos. Enquanto as mulheres continuam a consolidar sua presença de maneira informada e estratégica, os homens precisam adotar uma abordagem mais cautelosa para mitigar os riscos associados a fraudes financeiras.
A promoção de uma cultura de educação financeira robusta é fundamental para proteger todos os investidores, independentemente de gênero, e para construir um mercado financeiro mais seguro e confiável no Brasil.
*Jorge Calazans é advogado especializado na defesa de investidores vítimas de fraudes financeiras, conselheiro estadual da Anacrim e sócio do escritório Calazans & Vieira Dias Advogados
**Antonio Lopes Garcia é presidente do Instituto de Proteção e Gestão do Empreendedorismo e Relações de Consumo (IPGE)
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CAIO FERREIRA PRATES
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