As alterações na alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) anunciadas pelo governo federal na última quinta (22) já começaram a impactar o bolso dos brasileiros que planejam viagens ao exterior. Com a elevação das taxas, principalmente nas operações de compra de moeda em espécie e remessas internacionais, os custos dessas transações subiram consideravelmente, exigindo mais atenção e planejamento por parte dos turistas.
De acordo com o planejador financeiro e especialista em investimentos Jeff Patzlaff, planejador financeiro CFP®, o aumento do IOF atingiu em cheio as modalidades mais utilizadas pelos viajantes, como a compra de moeda estrangeira e o envio de recursos para contas no exterior. “Essas duas operações foram as mais impactadas, já que o custo tributário mais do que dobrou. O uso de cartões brasileiros no exterior também ficou mais oneroso, embora o aumento pareça pequeno numericamente, passando de 3,38% para 3,5%. Esse acréscimo pode parecer sutil, mas afeta significativamente quem faz uso frequente ou movimenta grandes volumes”, explica.
Para quem está com viagem marcada nas próximas semanas, o cenário não é animador. Como a nova alíquota entrou em vigor praticamente de forma imediata, muitos não conseguiram se antecipar. “Não houve tempo hábil para antecipações de compra ou envio de recursos antes do aumento da alíquota, contudo, ainda é possível mitigar os efeitos. Ainda acredito que o cartão internacional pode ser uma alternativa, especialmente para destinos onde portar dinheiro em espécie é arriscado. Mesmo com IOF mais alto, ele oferece praticidade e controle de gastos”, orienta Patzlaff.
Outra recomendação do especialista é avaliar o uso de contas e cartões globais, que oferecem vantagens em relação ao custo total das operações. “Sempre que for pensar em viagem internacional, faça uma reserva mensal em moeda forte, como dólar ou euro, para não passar por stress como o de hoje antes de uma viagem que se aproxima. As contas globais com cartão de débito, que podem ser abertas com facilidade no Brasil, são ferramentas valiosas para o viajante moderno”, ressalta.
Mesmo com a nova alíquota, as plataformas de remessas internacionais ainda podem representar uma boa alternativa. “Plataformas como Wise, Remessa Online, Nomad, DollarApp, C6 e Inter Global geralmente oferecem taxas de câmbio mais vantajosas do que os bancos tradicionais, o que pode ajudar a compensar o aumento do IOF. É essencial, porém, comparar o spread cambial, as taxas operacionais e o tempo de liquidação das opções disponíveis, afirma.
Além do impacto financeiro direto, a medida teve forte repercussão no mercado, principalmente por sua forma abrupta de implementação. A falta de comunicação com o Banco Central gerou desconforto e foi mal recebida pelos agentes econômicos. “O decreto pegou o mercado de surpresa, inclusive o Banco Central. Essa falta de articulação entre o Ministério da Fazenda e o BC foi interpretada como um ‘bate-cabeça’ dentro da equipe econômica, aumentando a percepção de risco político e afetando diretamente a credibilidade da política econômica”, analisa Patzlaff.
Para os turistas, a principal orientação agora é adotar uma postura mais estratégica. “A mudança no IOF tem um impacto direto e relevante para os brasileiros que viajam ao exterior, pois aumenta o custo total da viagem. Antes, a compra de moeda em espécie era mais vantajosa por conta do IOF reduzido. Agora, essa vantagem desapareceu, e ainda há os riscos de segurança e os custos operacionais das casas de câmbio”, pondera o especialista.
Nesse novo cenário, os viajantes devem fazer uma avaliação completa do custo total de cada meio de pagamento, levando em conta o IOF, o spread cambial e eventuais taxas ocultas. “Às vezes, uma operação com IOF maior oferece um câmbio melhor e resulta em custo final menor. Para viagens curtas ou destinos com boa estrutura digital, o cartão internacional pode ser mais vantajoso pela praticidade. Já em locais com economia menos digitalizada ou risco elevado de fraude, ainda pode ser necessário portar dinheiro em espécie — agora com um custo maior”, conclui.
A recomendação de Jeff é clara: “Planeje os gastos e evite surpresas. Com o IOF mais alto, cada operação internacional fica mais cara. Por isso, é fundamental montar um orçamento detalhado em reais, simular os valores com base no câmbio atual e reservar uma margem de segurança. Sempre faça sua reserva de forma mensal, em moeda forte, para não ser pego de surpresa por medidas como essa.”
Para Jeff, uma dica prática é fazer reservas mensais em dólar para poder viajar sem se preocupar com os imprevistos de última hora. “Tenha a conta global e busque sempre a melhor cotação enquanto os dólares acumulam até você utilizá-los na sua próxima viagem.
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Guilherme Hanna Adario
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