A oferta de vagas remanescentes para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) estava suspensa desde 2021, mas levante ano o Ministério da Ensino retomou as convocações. Até o termo do ano está prevista a oferta de murado de 60 milénio vagas para alunos que já estão matriculados em instituições de ensino superior de todo o país.
Os alunos que se inscreverem para ocupar as vagas serão selecionados de conformidade com as notas obtidas no Enem — consideradas a partir de 2010. Antes essas vagas eram ocupadas por ordem de letreiro.
De conformidade com o MEC, até o próximo mês (outubro) serão divulgados o prazo de inscrições e os critérios para participação no processo seletivo.
Fies ajuda, mas não é a solução ainda
Para a Elineide Fernandes, que é gestora educacional numa escola referência em Ensino Fundamental da cidade de Cabrobó, em Pernambuco, o financiamento estudantil para a ensino superior ajuda, representa uma boa oportunidade para alunos de escolas públicas, mas não é a solução.
“Muitos alunos precisam trabalhar para ajudar em casa não só na idade adulta, mas quando ainda frequentam a escola. A maior parte deles sai do colégio e tem medo de se comprometer com uma dívida para continuar os estudos, por isso acaba desistindo.” A avaliação é da professora que já recebeu diversos prêmios por inovação escolar, e que conhece muito a veras dos alunos, sobretudo os de cidades mais pobres do país.
Para a gestora, além de ajudar a custear a ensino superior, é preciso pensar em formas de prometer tarefa e renda ao final da faculdade.
“É preciso ser menos burocrático, porque quanto mais simples, mais fácil as pessoas aderirem. E era preciso que tivesse algo que garantisse uma vaga, fosse um pré-requisito para que ele se candidatasse a uma vaga e que garantisse que seria mais fácil dele ingressar no mercado de trabalho para conseguir custear esse financiamento.”
Médica graças ao Fies
Enquanto cursar uma faculdade privada no país ainda não é a veras da maior secção dos estudantes, a médica Andressa Ribeiro, hoje com 32 anos, atribui ao Fies toda sua formação. Depois de anos tentando passar no vestibular de medicina numa instituição pública, ela entrou na faculdade privado e um mês depois conseguiu o financiamento que custeou 93% do valor das mensalidades.
“Meu pai e minha irmã pegaram o empréstimo para pagar a matrícula e não sabíamos como faríamos para pagar as mensalidades. Mas logo no primeiro mês consegui o Fies. Uma faculdade que custava R$7 mil, mas graças ao financiamento minha família pagava R$400 por mês.”
Andressa já está formada em medicina mas ainda paga as parcelas do financiamento. Segundo ela, um valor cume, mas verosímil de remunerar.
“O resto eu pago hoje e é bem pesado o financiamento. Quando a gente começa a pagar é que sentimos o peso das parcelas. Mas, de qualquer maneira, agora eu já trabalho e graças ao Fies consegui meu diploma. Sou médica há dois anos e já tenho estabilidade financeira para pagar as parcelas.”
O que é o Fies
O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) é um programa do Ministério da Ensino — criado em 2001 — para financiar a graduação na ensino superior de estudantes matriculados em cursos superiores particulares. Podem concorrer ao financiamento os estudantes que tenham avaliação positiva nos processos conduzidos pelo Ministério da Ensino, uma vez que o Enem, por exemplo.
Os financiamentos têm taxa de juros de 6,5% ao ano, e os alunos começam a remunerar as parcelas até 18 meses em seguida a desenlace da faculdade.