“eclipse” (81 págs.), terceiro livro do jornalista e escritor piauiense Hermes Coêlho (@hermescoelho), reúne poemas que abordam a força do que não parece visível, mas se faz presente ainda assim, para abordar o trauma da descoberta de que foi contaminado pelo vírus HIV e seus desdobramentos. A obra, publicada pela Editora Patuá, conta com a orelha assinada pelo poeta mato-grossense Nicolas Behr, prefácio do escritor cearense Pedro Jucá e posfácio do também autor, este piauiense, Adriano Lobão Aragão.
Em 16 de novembro, às 17h, Hermes lança o livro na capital em evento na Livraria Patuscada, localizada na rua Luís Murat, n° 40 – Pinheiros, São Paulo. O autor ainda fará dois outros eventos de lançamento da obra em Brasília e Teresina no mês de dezembro.
Ora pessoal, ora quase filosófico, “eclipse” encerra o que o autor nomeia de “Trilogia do trauma”. “Nu” e “Violado”, suas publicações anteriores, compõem, junto do lançamento do momento, uma série de livros de poemas em que o autor expõe angústias que relacionam pertencimento e experiências humanas. Na obra da vez, o poeta destrincha a experiência da descoberta do vírus em seu corpo escancarando os silenciamentos impostos a quem recebe o rótulo de pessoa vivendo com o HIV e lida com o estigma social que isso significa ainda hoje. Segundo ele, a premissa do livro é trabalhar “o trauma de viver na companhia de um inimigo íntimo, um vírus que, tratado, não oferece risco a ninguém, mas que invisibiliza socialmente, segrega, exclui”.
Dividido em quatro partes (a letra h, eclipse, invisíveis e divindades), a coletânea de poemas explora a linguagem para falar de questões humanas. O efeito fonético da letra H, que muitas vezes parece uma letra invisível, ganha protagonismo ao trazer à tona temas relacionados com a homossexualidade, o próprio vírus e até mesmo, como bem lembra Pedro Jucá, no prefácio, a letra inicial do nome do autor.
Sobre o autor
Hermes Coêlho nasceu em Teresina/PI e atualmente vive em Brasília/DF. Jornalista formado pela Universidade Estadual do Piauí, atuou nas afiliadas das TVs Globo, Record e Brasil, em Teresina. Desde 2010, é repórter e editor da TV Senado, em Brasília. Atualmente, é chefe de reportagem da emissora e apresentador do programa Cidadania. Em 2000, venceu o Concurso Novos Autores,com o livro “Nu”, publicado em 2002 pela Fundação Cultural Monsenhor Chaves. Em 2023, lançou, pela Patuá, “Violado”. “eclipse” conclui o que o autor define como sua Trilogia do Trauma.
“Não fui eu quem escolhi a poesia. Foi a poesia que me escolheu”, afirma, após comentar sobre a importância da escrita poética em sua vida. “Ela jorra forte como sangue a cada vez que tenho que lidar com as complexidades da vida”. Servo orgulhoso do gênero, o poeta tem como prática editar e burilar temas na construção de um livro: “E assim o faço desde que comecei a dançar com as palavras, há 30 anos”.
Assim como “eclipse”, seus livros anteriores também possuem um eu-lírico que expõe temas íntimos para falar com o todo. “Nu”, por exemplo, aborda o trauma de ser poeta em um mundo cada vez menos lírico, já “Violado”, o trauma do abuso infantil e sua superação. Mas com tantos anos de carreira como escritor, muita coisa também muda. Hermes considera, por exemplo, que “Nu” é uma obra juvenil, de quem finge mostrar para esconder, já “Violado” e “eclipse” são entranhas expostas. “Ambos são bem definidos por um dos versos de “eclipse”: fiz da dor minha poesia”.
EVENTO
O que: Lançamento do livro “eclipse”
Onde: Livraria Patuscada – R. Luís Murat, n° 40 – Pinheiros, São Paulo
Horário: a partir das 17h
EVENTO GRATUITO
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ANA LAURA FERRARI DE AZEVEDO
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