Costumava pensar que a indignação pública com a inflação, a transferência pacífica do poder político, o acesso a crédito e moradia, o fortalecimento das instituições democráticas e conseguir uma sociedade toleravelmente igualitária eram preocupações mais bem colocadas no Brasil, que é o meu país adotivo, do que nos EUA, o meu país de origem. Mas agora, não tenho tanta certeza. Os EUA e o Brasil têm muito em comum nos dias de hoje.
Uma vida de pingue-pongue entre São Paulo e Boston nos últimos 25 anos me ensinou que aprendemos melhor quando as coisas quebram, não quando estão funcionando bem. Viver 15 anos na ‘terrinha’ me mostrou por que todo brasileiro precisa aprender a dar um jeito e por que alguns abraçam o jeitinho. Todos precisamos chegar até o final do dia e, em algum momento, chegar à frente da fila.
Há pouco em nosso ciclo eleitoral presidencial atual, em que uma clara maioria da população dos EUA concorda — além do fato de que o sistema está quebrado. Recentemente, tínhamos dois candidatos, um com mais de 80, que acabou por desistir do pleito, e o outro com quase 80. Infelizmente, essas são suas idades, não suas taxas de aprovação. Mais de 70% da população nos EUA não queria esses dois candidatos.
Ninguém sabe o que acontecerá nos próximos dias, semanas e meses. Eu não sou professor, analista político nem apostador em jogos de azar. No entanto, sou alguém que frequentemente é solicitado a explicar o que está acontecendo nos EUA para os brasileiros. E me beneficiei muito de ter que assumir esse papel, mesmo que não estivesse qualificado ou preparado para fazê-lo.
Quando você deixa seu país, se torna um embaixador. Goste ou não, você é solicitado a representar — ou é silenciosamente assumido a representar — um monolítico inexistente. Você é forçado a simplificar, ser engenhoso, chegar a termos com os limites do seu conhecimento e entendimento. Precisa falar, agir e responder antes de se sentir confortável em fazê-lo.
Então, em meio ao denso nevoeiro da política eleitoral dos EUA quebrada e das batalhas dentro e entre os partidos Democrata e Republicano, estou otimista. Agora é o momento perfeito para aprender. Nosso sistema parou de funcionar. Quando algo importante para de funcionar, temos uma mistura especial de necessidade, oportunidade e urgência para consertá-lo.
Minha família e eu estamos animados para receber uma talentosa estudante de pós-doutorado do Brasil para estudar e observar as eleições dos EUA em outubro e novembro. Geissa Franco obteve seu doutorado e mestrado pela Universidade Federal do Paraná. Ela completou sua graduação na Uninter, onde atualmente está cursando uma segunda titulação em Direito. Estou confiante de que ela aproveitará ao máximo a oportunidade de aprender com um sistema que atualmente não está funcionando como o desejado. Tenho certeza de que será uma forte embaixadora, acompanhando de perto toda a decisão eleitoral que envolve o mundo, na expectativa do que se definirá em mais uma escolha presidencial que será um marco na história política dos EUA e global.
*Este texto foi escrito na véspera da tentativa de assassinato de um dos candidatos à presidente dos EUA.”
*Jason Dyett é Vice-presidente e cofundador do UNINTER Global Hub. Baseado em Boston, possui 25 anos de experiência na fundação e crescimento de iniciativas do setor privado e de ensino superior nos EUA e no Brasil. Atuou como Diretor Administrativo da Advanced Leadership Initiative da Universidade Harvard (2016-2019) e foi Diretor Executivo fundador do escritório da Universidade de Harvard em São Paulo (2006-2016). No início de sua carreira, conduziu pesquisas de melhores práticas sobre segurança da informação e trabalhou em desenvolvimento de negócios para startups internacionais de tecnologia. Possui MBA pela Booth School of Business da Universidade de Chicago e bacharelado com distinção pela Universidade de Vermont.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
valcsilvaa@gmail.com