A recente reemergência da Doença de Newcastle (DNC) no Brasil destaca a importância de uma abordagem integrada. Na última quarta-feira, dia 17 de julho de 2024, o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) confirmou um foco de DNC em um estabelecimento de avicultura comercial de corte, no município de Anta Gorda (RS). A investigação epidemiológica foi conduzida pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul (SEAPI). Os últimos casos confirmados no Brasil datavam de 2006, em aves de subsistência em outros estados brasileiros. A granja afetada em Anta Gorda tinha cerca de 14.400 frangos, com aproximadamente 3.472 aves morrendo devido à doença.
O MAPA suspendeu previamente as exportações de carnes de aves e seus produtos (carnes de aves, carnes frescas de aves e seus derivados, ovos, carne para alimentação animal, matéria-prima de aves para fins opterápicos, preparados de carne e produtos não tratados derivados de sangue) na última sexta-feira (19), para atender aos requisitos acordados nos Certificados Sanitários Internacionais (CSI) com mais de 40 países cada país possui uma restrição específica. Essa medida ocorre de forma a garantir a transparência do serviço oficial brasileiro.
A DNC é endêmica em muitos países e considerada uma das viroses aviárias mais importantes, devido ao seu alto poder de infecção, gerando grandes impactos econômicos diretos à produção avícola e resultando em embargos à comercialização dos produtos. O estabelecimento que teve a doença identificada foi imediatamente interditado, com suspensão da movimentação das aves.
A doença de Newcastle é uma enfermidade viral que afeta aves domésticas e silvestres, causando sinais respiratórios, frequentemente seguidos por manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça nestes animais. É uma doença de notificação obrigatória à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA), causada pelo vírus pertencente ao grupo paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1), extremamente virulento em aves de produção comercial.
Os impactos econômicos estão relacionados à aplicação dos procedimentos de erradicação do foco estabelecidos no Plano de Contingência de Influenza Aviária e Doença de Newcastle, com a eliminação e destruição de todas as aves, além da limpeza e desinfecção do local. A investigação segue em um raio de aproximadamente 10 km ao redor da área de ocorrência do foco. Contudo, o MAPA ressalta que o consumo de produtos avícolas inspecionados pelo Serviço Veterinário Oficial (SVO) permanece seguro e sem contraindicações.
É importante ressaltar que o Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, responsável por aproximadamente 30% do total das exportações globais. O país exporta para mais de 150 países, incluindo grandes mercados como China, Japão, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e União Europeia.
Embora a DNC seja principalmente uma doença aviária, ela pode, em casos raros, infectar humanos que têm contato direto com aves infectadas ou materiais contaminados, como fezes ou secreções respiratórias. Em humanos, a infecção pelo vírus da DNC geralmente resulta em sintomas leves e autolimitados, como conjuntivite ou sintomas gripais leves. No entanto, esses casos são muito raros e não representam uma ameaça significativa à saúde pública. Portanto, a DNC não é considerada uma zoonose clássica como a gripe aviária.
A reemergência da Doença de Newcastle no Brasil destaca a necessidade de uma abordagem integrada de Saúde Única. A saúde animal é um componente vital dessa abordagem, e a colaboração entre setores é crucial para prevenir e controlar surtos de doenças que podem ter impactos significativos na economia e, em casos raros, na saúde humana. A implementação de medidas preventivas eficazes, a resposta rápida a surtos e a educação contínua dos produtores são essenciais para proteger a avicultura brasileira e garantir a segurança alimentar.
(*) Willian Barbosa Sales – biólogo, doutor em Saúde e Meio Ambiente e coordenador dos cursos de Pós-graduação área da saúde do Centro Universitário Internacional UNINTER.
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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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