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Com a recente vitória de Donald Trump para a Presidência dos Estados Unidos, surgem algumas dúvidas sobre o impacto que a sua gestão terá nos diferentes tipos de vistos para estrangeiros. Assim como no processo para a obtenção do tão sonhado Green Card – documento para a residência permanente – a partir de 2025.
A política de imigração de Trump foi uma das questões mais discutidas de sua campanha presidencial. Entretanto, ao contrário de políticas mais rígidas em relação à imigrantes ilegais e promessa de deportação em massa de pessoas nessa situação no país, em junho, Donald Trump afirmou no podcast All-In, conduzido por investidores do Vale do Silício, que os EUA precisam reter mais trabalhadores estrangeiros altamente qualificados para o mercado de tecnologia.
Quando o empresário Jason Calacanis perguntou: “Você pode nos prometer que nos dará mais capacidade de importar os melhores e mais brilhantes do mundo para a América?”, Trump respondeu: “Eu prometo”.
“Eu concordo, caso contrário eu não prometeria. Quando você se forma em uma faculdade, acho que você deveria receber automaticamente, como parte do seu diploma, um Green Card para poder ficar neste país, e isso inclui também faculdades comunitárias”, concluiu o então ainda candidato à presidência na época.
Em 2019, Trump já havia criado um projeto de lei para ampliar em até três vezes o número de Green Cards que tem como critério a carreira do candidato, aumentando a proporção da imigração de profissionais qualificados de 12% para 57%.
Segundo Wagner Pontes, fundador e CEO da assessoria imigratória D4U Immigration, a área de saúde, com 23%, foi o segmento que profissionais brasileiros mais conseguiram conquistar o Green Card ao longo de 2024. Completam a lista os setores de tecnologia (18%), engenharia (17%) e profissionais de administração de empresas com 16%, segundo dados da empresa que presta serviço para brasileiros que queiram residir nos EUA.
Um levantamento recente divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores aponta que atualmente há cerca de 4,9 milhões de brasileiros morando mundo afora. Os Estados Unidos são, justamente, o país com o maior número de expatriados, com 2,085 milhões. No último ano, houve um crescimento de 400 mil novos brasileiros que optaram por sair do Brasil; Destes, 185 mil escolheram os EUA como local para residir. As regiões de Nova York, com 500 mil, seguida por Boston (420 mil), Miami (400 mil), Orlando (190 mil), Atlanta (120 mil), Los Angeles (120 mil) e Houston (110 mil) são os distritos com os maiores números de brasileiros no país.
“Somente Miami registrou um aumento de 105 mil novos brasileiros vivendo nos Estados Unidos no último ano. Entre alguns fatores, como o clima e qualidade de vida, a região é conhecida por ser o principal destino para compradores estrangeiros, especialmente brasileiros, representando 24% de todas as compras internacionais de imóveis no país norte-americano”, afirma Pontes.
“Os imigrantes nos lembram que as fronteiras não são barreiras, mas oportunidades de colaboração, crescimento e busca compartilhada por um futuro melhor”, diz Warren Janssen, ex-diretor do Serviço de Cidadania e Imigração dos Estados Unidos (USCIS).
Recentemente os EUA registraram o maior pico de estrangeiros em cem anos, segundo o Departamento do Censo dos Estados Unidos, chegando ao equivalente a 13,7% da população total de 328,5 milhões de habitantes. “Os latino-americanos representam cerca de 39% da população estrangeira nos EUA. Do universo total de estrangeiros, 45% chegaram ao país com o ensino superior completo, um número 15% maior do que as taxas registradas nos anos 2000”, diz o CEO da D4U Immigration, Wagner Pontes.
Segundo ele, uma das formas de se conseguir a permissão permanente para morar nos EUA é, justamente, por meio do visto EB-2 NIW, oferecido aos profissionais qualificados. ”Esse é um processo baseado no interesse nacional dos Estados Unidos de ter profissionais estrangeiros contribuindo e atuando no mercado de trabalho americano em determinados cargos estratégicos como engenheiros, profissionais da saúde e advogados”, analisa Pontes.
“Independente de Governo, critérios de elegibilidade, como possíveis mudanças nas exigências de comprovação de renda, laços familiares, alteração no tempo de espera e na burocracia dos vistos podem acontecer. Mas isso não deverá mudar a necessidade de importar profissionais qualificados para companhias americanas, assim como não houve entre 2018 e 2022”, completa o especialista.
A economia dos EUA abriu 146 mil vagas de emprego no setor privado no mês de novembro, depois de ter caído em 28 mil em outubro, segundo o Relatório Nacional de Emprego da ADP (Departamento de Trabalho norte-americano) publicado na última quarta-feira (4).
Residência permanente nos EUA através do trabalho:
E como funcionam os diferentes formatos de vistos para quem deseja residir de forma permanente e trabalhar em uma companhia americana? Os brasileiros interessados precisam se enquadrar em uma das seguintes categorias:
EB-1: Habilidades extraordinárias. São para profissionais de destaque e que possuem reconhecimento nacional ou internacional em diversas áreas, como: ciências, educação, artes, negócios ou esporte. O EB-1 não exige uma oferta de trabalho ou empregador.
EB-2: Habilidades excepcionais. Essa modalidade de visto é voltada para profissionais com carreiras bem-sucedidas e consideradas pelo governo acima da média. O candidato ao visto precisa demonstrar uma capacidade excepcional no segmento da sua área. Vale ressaltar que, nesse caso, ele precisa ter uma empresa sendo sua sponsor, ou seja, que ofereça a vaga e salário correspondente ao cargo aplicado.
EB-2 NIW (National Interest Waiver): Nesse caso, o visto pode ser adquirido com base no histórico profissional e acadêmico. O candidato precisa ter um diploma de graduação superior (bacharelado), mais cinco anos de experiência, ou certificado de curso técnico com dez anos de experiência, ou ainda ter mestrado, doutorado e PHD em sua área de atuação, dispensando assim o tempo de experiência. Esse tipo de visto dispensa a necessidade de uma oferta de emprego.
EB-3: Esse visto também leva ao Green Card, mas ele é aprovado aos candidatos que têm uma oferta de trabalho nos EUA. Todo o processo é feito pela empresa que tem interesse no funcionário e só no final o candidato escolhido é apresentado à imigração. A vantagem desse visto é que, por ser bem amplo, ele pode ser utilizado em diversas categorias profissionais, com requisitos bem diferentes – desde o graduado com nível acadêmico até o trabalhador com qualificações limitadas.
EB-5: Visto de investimento. Esse visto oferece o Green Card ao final do processo. Para sua aplicação, é necessário escolher um investimento e provar que o mesmo irá movimentar a economia do país e gerar empregos na região. A imigração americana oferece duas modalidades nesse caso, com valores que variam entre $800 mil e $1,05 milhão de dólares. A diferença de valores está na localização dos investimentos, se serão em locais escolhidos pelo governo ou pelo aplicante.
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