Após reunir mais de 25 mil pessoas na sua segunda edição, em 2024, o Dia de Iemanjá do Arpoador receberá o público carioca e as suas oferendas no domingo, 2 de fevereiro, das 8h às 22h, no Arpoador. Já estão confirmadas atrações como o Afoxé Filhos de Gandhi, Samba de Caboclo e Pretinho da Serrinha, Nina Rosa, Ogan Bangbala, Jongo do Vale do Café, Tião Casemiro, Ogan Kotoquinho, Pai Dário, Samba Jongo, Mingo Silva, Companhia de Aruanda, Orin Dudu, Ilê Axé Onixêgun e Marcos André, o idealizador da celebração, além da Feira Crespa. Tudo gratuito!
A celebração à orixá mais amada do Brasil virá com novidades neste 2025. Na véspera, dia 1, a partir das 18h, haverá a Lavagem do Arpoador, sob a liderança do Afoxé Filhos de Gandhi, pioneiros na entrega de presente a Iemanjá na cidade, seguido do Bloco afro tradicional de Madureira, Lemi Ayó.
Outra ação inédita, que tem tudo para cair nas graças do público, é que a tradição religiosa vai se unir à tradição local. Os surfistas que há muitos anos frequentam a praia aceitaram o convite para entrar no mar com flores em oferendas, às 17h. Ao mesmo tempo, 150 filhos umbandistas de dez terreiros e de umbanda da região metropolitana do Rio vão abrir as giras nas areias do Arpoador, dando passes em quem quiser receber o axé.
“A festa para Iemanjá carioca era uma tradição antiga inventada pelos terreiros nas areias da Zona Sul, liderada pelo célebre pai de santo e sambista Tatá Tancredo em 31 de dezembro, dia de Iemanjá na umbanda. Poucos sabem que essa foi a origem do grandioso Réveillon de Copacabana – que acabou se tornando a maior festa de rua do mundo, com seus costumes, tais como se vestir de branco, jogar flores no mar e pular as sete ondas na virada”, rebobina Marcos André, músico e idealizador do evento e um dos líderes de comunidades de Quilombos do Vale do Café.
Com o tempo e a adesão de um número cada vez maior de pessoas escolhendo ver a meia noite chegar nas areias, vieram os mega espetáculos de fogos e shows, que expulsaram os terreiros da virada nas praias.
“Essa celebração dá visibilidade e enaltece a enorme contribuição do negro na formação da cultura carioca e revela a história de Tatá Tancredo, devolvendo essa vivência popular riquíssima no coração da Zona Sul para o povo de santo e para os cariocas e turistas”, diz Marcos, que vai mobilizar para a festa cerca de 450 mestres, entre líderes religiosos, artistas e filhos de santo, integrantes da rede de comunidades tradicionais que ele coordena em Madureira e em comunidades tradicionais do interior do Estado do Rio.
Recorde de público
Este ano, o Dia de Iemanjá do Arpoador cairá num domingo de verão. Por isso, o público esperado será igual ou maior àquele que levou o seu agradecimento à Iemanjá na edição de 2024.
“Parecia até noite do ano novo com milhares de pessoas chegando vestidas de branco e com flores nas mãos. Ficamos surpresos com tamanha adesão do público. No primeiro ano, esperávamos mil pessoas e recebemos 10 mil. Ano passado, foram 25 mil pessoas. Ficou provado que os cariocas e os turistas querem muito essa festa e que temos tudo para, em alguns anos, alcançar a importância que o 2 de fevereiro tem em Salvador”, diz Marcos André, que completa: “O Rio possui tradição forte e um número imenso de casas de matriz africana para isso”.
Todo o ritual de oferendas do Dia de Iemanjá no Arpoador é liderado pelo lendário Mestre Bangbala, aos 105 anos, o Ogan mais antigo do país em atividade e patrono do evento, juntamente com Pai Dário, descendente da Casa Branca, primeira casa de candomblé do Brasil e um dos líderes do jongo do Morro da Serrinha. Eles serão acompanhados por Marcos André, de família umbandista e de Mãe Maria da Paz, mãe de santo do Quilombo São José, em Valença.
“Além de promover a integração entre pessoas de todos os credos, cores e regiões da cidade e enaltecer a cultura de matriz africana tão poderosa e ao mesmo tempo tão atacada, o evento vai gerar mais empregos e divisas para a cidade através do turismo, com potencial de se tornar um dos maiores eventos do calendário do Rio. Em Salvador, o dia de Iemanjá atrai cerca de 500 mil turistas e movimenta mais de R$ 400 milhões. O poder público e as empresas do Rio têm que abrir os olhos para esse enorme potencial econômico, além de promover de forma tão potente os nossos patrimônios imateriais”, afirma Marcos André.
Só oferendas sustentáveis
O evento continua alinhado com a sustentabilidade e a preservação dos mares, alertando os frequentadores para só levarem oferendas biodegradáveis. Ao final, o público ainda será convidado para fazer um mutirão, de limpeza das areias, do calçadão e da Pedra do Arpoador.
Pai Dário é categórico: “Todas as oferendas do ritual serão biodegradáveis. Pedimos ao público que não leve plástico, vidro ou madeira. É uma saudação à Rainha do Mar, à sua morada e às forças da natureza. Somente flores e frutas serão oferecidas às águas”.
O Dia de Iemanjá no Arpoador é uma realização de Marcos André, do Instituto Floresta, Samba Jongo Produções e da Rede de Patrimônio Imaterial do Estado do Rio, com recursos da Prefeitura do Rio via Secretaria Municipal de Cultura e Hotel Arpoador. O evento conta com o apoio da Coordenadoria de Diversidade Religiosa, Coordenadoria de Igualdade Racial da Prefeitura do Rio, Secretaria de Políticas para Mulheres e Cuidados, Secretaria de Meio Ambiente, Subprefeitura da Zona Sul, Ilê Axé Onixêgun, Companhia de Aruanda, Instituto Carta Magna da Umbanda, Coletivo Kalundú, Pedra do Arpoador Conservação, Projeto Ondas e da Rede de Jongo do Vale do Café.
Notícia distribuída pela saladanoticia.com.br. A Plataforma e Veículo não são responsáveis pelo conteúdo publicado, estes são assumidos pelo Autor(a):
MONICA CRISTINA RAMALHO CUNHA
monica@belmira.com.br