A ampliação do setor de data centers no Brasil passa pela contribuição de pautas de diversos setores, muitas delas fruto de parcerias entre ações governamentais e empresariais. O país tem potencial para ampliar a atuação nesse setor, especialmente pela geração de energia limpa e com baixo risco ambiental, como as fontes hidrelétrica, solar e eólica. Nesse contexto, a Região Nordeste destaca-se pela sua capacidade de ampliação de geração dessas fontes. Muitas dessas pautas estão previstas na agenda da Associação Brasileira de Data Centers (ABDC).
Um dos itens da agenda é a redução de impostos de venda e importação de hardwares para inteligência artificial (IA), como GPUs, que surge como uma medida fundamental para colocar o Brasil em um patamar de competitividade global. O desenvolvimento de data centers que possam sustentar as demandas da IA depende diretamente da viabilidade econômica desses equipamentos.
Daniel Gomes, COO da Um Telecom, membro do Conselho Administrativo da ABDC, destaca a necessidade de um compromisso a longo prazo para atrair grandes players do setor tecnológico ao país. “Para que o País se consolide como um destino atraente para grandes empresas do setor de tecnologia, é vital garantir a viabilidade econômica e previsibilidade tributária desses investimentos. Propomos que essa medida seja válida por ao menos 10 anos, permitindo que os data centers operem com eficiência e segurança jurídica, criando uma base sólida para o futuro digital”, afirma o executivo.
Estima-se que o custo empregado em equipamentos de TI dentro dos Data Centers é equivalente a 10x o valor gasto na infraestrutura utilizada para construir e operar o empreendimento, compreendida sobretudo pelas partes civil e equipamentos de energia e refrigeração, além de outros sistemas, como combate a incêndio, controle de acesso, etc.
Ainda dentro da questão fiscal, a ABDC defende a extensão dos benefícios fiscais, como o Ex-tarifário e o ICMS, apontada como uma medida necessária para a continuidade e a atração de novos investimentos no Brasil. Projetos de data centers, em especial, têm longos ciclos de desenvolvimento, exigindo estabilidade fiscal para mitigar riscos.
“Com essa extensão, asseguramos que as decisões de investimento no Brasil sejam fundamentadas em um ambiente fiscal estável, além de oferecer previsibilidade para o desenvolvimento de infraestrutura tecnológica, crucial para nosso crescimento como hub digital”, reforça Daniel Gomes.
O acesso ágil à energia elétrica é outro ponto de grande relevância para o setor de data centers no Brasil. A ampla disponibilidade de energia renovável no país é vista como um diferencial competitivo, mas sua efetividade depende da rapidez com que empresas conseguem acessar e utilizar essa energia.
Daniel Gomes pontua que um processo mais eficiente na consulta e no fornecimento de energia pode destravar um potencial de expansão significativo. “O Brasil possui um imenso potencial energético, mas é fundamental que o acesso a essa energia, especialmente nas áreas de maior capacidade ociosa, seja facilitado. Acelerando os processos de consulta e fornecimento, podemos otimizar o tempo de implementação de data centers e estimular o desenvolvimento econômico regional”, afirma.
Por fim, no que diz respeito à regulamentação da inteligência artificial, a preocupação do setor de data centers está em garantir que as políticas públicas incentivem a inovação, ao invés de criar barreiras para o desenvolvimento tecnológico. A criação de um marco regulatório que favoreça a adoção de IA e o desenvolvimento de data centers capazes de processar dados de forma competitiva no cenário global são fundamentais para o setor.
“Uma regulamentação bem estruturada da inteligência artificial pode ser um divisor de águas para o Brasil, atraindo investimentos e impulsionando o desenvolvimento de tecnologia de ponta no país. Precisamos de um ambiente regulatório que permita o avanço da IA, ao mesmo tempo em que oferece segurança para as empresas”, acrescenta Daniel Gomes.
Sobre a Um Telecom
A Um Telecom é uma empresa de infraestrutura de serviços digitais, com portfólio variado dentro de cinco verticais de produtos: Computação em Nuvem (Cloud), Segurança da Informação, Conectividade, Mobilidade (MVNO) e Serviços Gerenciados. A empresa tornou-se membro da ABDC em agosto deste ano, após o anúncio recente da construção de seu data center Tier 3, que faz parte dos planos da empresa de transformar o estado de Pernambuco em um hub de dados.
O empreendimento foi concebido em três fases. A primeira com capacidade para até 150 racks e potência útil de TI de até 1 MW, em um Data Hall. A segunda e a terceira fases acrescentarão 300 racks cada uma. Segundo o COO, a associação com a ABDC vem ao encontro dos planos da empresa de estar cada vez mais próxima da inovação e de ações em prol da implementação de políticas públicas direcionadas ao setor de data centers, a fim de posicionar o Brasil como um hub global, impulsionando a economia digital e promovendo a inovação em todo o País.
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MARIANA DE ARAUJO RIBEIRO
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