O evento “AMIA, 30 anos: o terrorismo segue, a impunidade também”, realizado pela Confederação Israelita do Brasil (CONIB) e Federação Israelita do Estado de São Paulo (Fisesp), por meio do seu Departamento de Segurança Comunitária (DSC-Fisesp), para homenagear as vítimas do atentado à organização judaica AMIA, em Buenos Aires, aconteceu na noite desta quinta-feira, 18 de julho, no Teatro Moise Safra, no Colégio Renascença,
Rudi Solon, do DSC-Fisesp e presidente do KKL Brasil, conduziu o evento que contou com discursos representantes do governo argentino e de Israel, como os Cônsules de Israel em São Paulo, Rafael Erdreich, e da Argentina, Luis María Kreckler, dos presidentes da CONIB, Claudio Lottenberg, da Fisesp, Marcos Knobel e também do diretor jurídico da CONIB, Octávio Aronis.
Marcos Knobel, presidente da Fisesp, destacou a importância de o ataque ser investigado “para sabermos o que realmente aconteceu e evitar que atos desse tipo voltem a acontecer”. “São 30 anos em que muitas perguntas ainda não foram respondidas. Algumas coisas evoluíram neste ano, no sentido de eles chegarem à conclusão de que o ataque foi executado por terroristas a mando do Irã. Inclusive o próprio presidente da Argentina falou que pretende punir essas pessoas. Com certeza a justiça é fundamental”, pontuou Knobel.
“Se esse atentado tivesse sido apurado à época talvez não tivéssemos hoje ações terroristas, como as praticadas pelo Hamas e Hezbollah”, frisou o presidente da CONIB, Claudio Lottenberg. “Vivemos um momento delicado em que uma série de governos no mundo vêm patrocinando ações de natureza terrorista. Trabalhamos com as sociedades por uma maior convergência e entendimento, onde não haja espaço para o terrorismo e para o discurso de ódio. Como presidente da comunidade judaica brasileira asseguro a vocês que não haverá descanso, que não haverá pausa, que não haverá o menor sossego mesmo que as verdades demorem 30 anos para aparecer e se transformar em algo cristalino. Digo isso porque acredito que o papel do povo judeu não se encerra dentro do povo judeu. Somos sim o povo do livro, somos também o povo da liberdade, mas acima de tudo somos os irmãos mais velhos de todas as outras sociedades e aqui estamos para garantir a democracia que se faz necessária como garantia de espírito da existência da humanidade”, concluiu Lottenberg.
A cerimônia contou ainda com a exibição de vídeos, a leitura de um poema e foi encerrada ao som de uma sirene e com o público presente segurando cartazes com os nomes e fotos das 85 vítimas fatais deste, que foi o maior atentado já acontecido na América Latina.
O ataque, em 18 de julho de 1994, causou a morte de 85 pessoas e deixou mais de 300 feridos e até hoje ninguém foi julgado pelo crime.
O presidente Javier Milei anunciou nesta quinta, em Buenos Aires, durante evento em homenagem às vítimas do ataque à AMIA, que irá propor um projeto de lei para levar a julgamento à revelia dos suspeitos de participação no ataque.
Em decisão inédita, em abril deste ano, a justiça argentina responsabilizou o Irã pelos ataques à embaixada israelense e à AMIA. A Câmara Federal de Cassação Penal da Argentina, órgão da mais alta instância criminal do país, declarou em sentença histórica que os ataques à embaixada de Israel (1992) e à AMIA (1994) foram “resultados de decisões políticas e estratégicas do Irã, executadas por terroristas do Hezbollah”. A decisão ainda classifica o país como “Estado terrorista” e os atendidos como crimes contra a humanidade.
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