Como parte dos eventos em torno do Mês da Consciência Negra, a SP Escola de Teatro, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, idealizada e gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP), lança no dia 22/11, às 19h, o livro “Eternizar em Escrita Preta”, com três dramaturgias inéditas.
Os textos são dos jovens dramaturgos negros Apollo Faria, Dayani Pontes e Lu Varello, premiados em 2022 na terceira edição do Prêmio Solano Trindade, iniciativa da área de Extensão Cultural e Projetos Especiais da Escola, área coordenada por Miguel Arcanjo Prado e que conta com Rodrigo Barros, David Godoi e Solange Correia.
O livro é um lançamento do Selo Lucias, projeto editorial da SP Escola de Teatro e ADAAP, coordenado por Ivam Cabral, Beth Lopes, Elen Londero e Marcio Aquiles. O livro terá distribuição gratuita no dia do evento e, logo depois, estará disponível para download gratuito na página do Selo Lucias.
Neste novo livro, Apolo Faria traz a peça “Diário Negro”; Daiany Pontes nos apresenta “Cantata Descontínua das Águas Pluviais”; e Lu Varello escreve “Tá Faltando Iemanjá!”. “São textos de enorme vigor teatral que certamente despertarão o interesse de encenadores em busca de novas proposições cênicas. Além disso, caracterizam-se como leitura valiosa aos que a ela se dedicarem. Viva Solano Trindade e um salve à essa nova dramaturgia preta que chegou com tudo para renovar e fortalecer o teatro brasileiro”, diz Ivam Cabral, diretor executivo da SP Escola de Teatro.
O evento acontece no hall da unidade Roosevelt da SP Escola de Teatro, localizada na Praça Roosevelt, 210, Consolação. No dia 22, além do lançamento do livro, a SP Escola de Teatro irá
anunciar os três vencedores do Prêmio Solano Trindade 2023, cujo livro será publicado em novembro de 2024. Na edição de 2023 do prêmio, a Escola recebeu inscrições de dramaturgias inéditas entre 6/9 e 29/10, e as peças foram julgadas por uma comissão especializada.
A edição deste ano de “Eternizar em Escrita Preta” traz apresentação de Marília Marton, Secretária da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, que analisa: “Cada vez que um jovem dramaturgo negro sobe ao palco, não apenas celebramos o presente, mas também escrevemos um capítulo valioso da nossa história cultural para as futuras gerações. Eles nos lembram que a arte é uma janela para a alma de uma nação, um elo que une passado, presente e futuro”. O livro também tem prefácio de Ivam Cabral e textos de Miguel Arcanjo Prado, Denilson Tourinho e Viviane Pistache.
O Prêmio Solano Trindade é uma homenagem ao poeta, dramaturgo e diretor pernambucano Solano Trindade (1908-1974). Arte-ativista das causas negras, Trindade foi o criador do Teatro Popular Brasileiro (TPB), grupo formado por operários, domésticas e estudantes e que tinha como inspiração algumas das principais manifestações culturais do país. Atuou também na dança, criando em meados dos anos 50 um grupo referencial: o Brasiliana, reconhecido no Brasil e em temporadas no exterior.
Outras edições do prêmio
Da primeira edição, em 2020 e com livro em 2021, resultou a publicação das três dramaturgias: “Guerras Urbanas’, de Camila de Oliveira Farias, do Rio de Janeiro, “Como Criar para um Corpo Negro sem Órgãos?”, de Lucas Moura, de São Paulo, e “Medeia Homem”, de Robinson Oliveira, do Rio Grande do Sul. Leia o livro.
Da segunda edição, de 2021 e com livro em 2022, resultou a publicação das três dramaturgias: “Atropelo”, de Amanda Carneiro (São Paulo/SP), “Limiar ou Primeiro Impulso que Algo Aconteça”, de Amanda Pessoa (Dourados/MS) e “Piscinas: um Estudo Sobre Águas”, de Mariana Ozório (Belo Horizonte/MG). Leia o livro.
Sobre a SP Escola de Teatro e a ADAAP
Inaugurada em 2010, a SP Escola de Teatro é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP). A ADAAP é uma Organização Social e exemplo do modelo de gestão de Políticas Públicas que vem sendo implantado pelo governo do Estado desde 2004, com base na Lei Complementar n° 846/98 e no Decreto Estadual nº 43.493/98. Através da publicização, ou gestão pública não estatal, serviços e atividades públicas são geridos por meio de parcerias entre o Estado e o terceiro setor.
A ideia de organização da SP Escola de Teatro tomou forma em reuniões de profissionais vinculados a grupos e espaços culturais da região central de São Paulo, principalmente da Praça Franklin Roosevelt – espaço revitalizado nos anos 2000, e que hoje funciona como uma espécie de epicentro da produção artística paulistana.
Os grupos que ali se fixaram contextualizaram a geografia da região. Desde a revitalização da praça, esses coletivos ocupam salas alternativas e firmam parcerias com alguns moradores e comerciantes dos arredores, contribuindo, decisivamente, para transformar as relações interpessoais num local até então tensionado pela violência urbana. A Roosevelt é, atualmente, um símbolo da cena de arte da capital paulista. No seu entorno estão teatros, bares e restaurantes em sintonia com a cena cultural local. Alguns dos artistas que participam desse espírito agregador são os que assumiram o compromisso de criar e dirigir a SP Escola de Teatro.
A Escola propõe novos desafios para o ensino das Artes Cênicas no Brasil. Com um modelo pedagógico ousado, o espaço toma como prismas da formação as sensibilidades e as potencialidades artísticas, humanas, críticas e cidadãs. O projeto de criação da Escola foi desenvolvido de 2005 a 2009 e se orienta a partir de três pilares: curso técnico, cursos de extensão e o Programa Kairós (atual Programa Oportunidades). Três eixos que alicerçam o funcionamento sistêmico dos setores da Instituição, contemplando diferentes ações artístico-pedagógicas. O aumento da produção teatral e a consequente demanda de mão de obra foram alguns dos impulsos que levaram ao surgimento da Escola, atenta à necessidade de iniciativas que democratizem o acesso da população à formação artística.
Motivada por seu objetivo simples e direto – “artistas que formam artistas”, define o slogan – a Escola articula propostas como, no plano social, a interface com estudantes contemplados com bolsas-auxílio, atitude que democratiza o acesso ao universo teatral para diferentes camadas da população; e, no sistema pedagógico, a exploração conjunta do terreno do conhecimento por docentes e estudantes.
Ao ser aberta, em 2010, a SP Escola de Teatro teve como sua primeira unidade um prédio histórico no bairro do Brás, centro expandido da cidade. Erguido em 1913 e tombado como patrimônio histórico, o edifício já abrigou a Escola Normal do Brás, onde estudaram nomes como a escritora Pagu e a apresentadora Hebe Camargo.
Durante 2014 e 2015, a unidade passou por uma restauração e reabriu em fevereiro de 2017. No período em que esteve em reforma, as atividades da Escola foram realocadas a uma unidade provisória na rua Marquês de Itu, no Centro. Com a reabertura do prédio do Brás, a Escola passou a contar no local com as atividades pedagógicas e administrativas, os ateliês de Cenografia e Figurino e de Técnicas de Palco, a estrutura circense, a biblioteca, o acervo Antônio Abujamra e um auditório de 157 lugares.
A segunda unidade da SP Escola de Teatro foi aberta em 2012, na Roosevelt. Em um dos principais pontos turísticos da capital paulista, a Praça Roosevelt, reconhecida pela cena teatral, o prédio recebe atividades pedagógicas e residências artísticas. Ele também possui quatro salas multiuso para apresentações da própria instituição e de grupos convidados, um estúdio de som e espaço para outros eventos culturais.
Sobre o Selo Lucias
O selo Lucias é uma iniciativa da Associação dos Artistas Amigos da Praça (ADAAP). Tem como programa editorial a publicação de livros no campo das artes (teatro, dança, cinema e literatura), da pedagogia, das ciências sociais e da psicanálise. Homenageia, na raiz de seu nome, a professora, jornalista e gestora cultural Lucia Camargo (1944-2020), que foi coordenadora da Escola, e o expande ao plural, pela vocação da ADAAP pela coletividade e pelo múltiplo. O grupo que compõe a coordenação editorial do selo é composto por Ivam Cabral (diretor executivo), Beth Lopes, Elen Londero e Marcio Aquiles.
Entre as publicações do Selo Lucias, estão os livros “Memórias do Cine Bijou” (Marcio Aquiles), “Athos Abramos – O Crítico Reencontrado” (Alcione Abramo e Jefferson Del Rios – Org.) e “A Digna 10 Anos”.
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